Conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho nunca foi tarefa fácil, mas nos últimos anos, as exigências parecem ter atingido um novo patamar. Empresas pedem anos de experiência para vagas júnior, múltiplas certificações, domínio de idiomas e um verdadeiro teste de resistência em processos seletivos que envolvem inúmeras etapas. Ainda assim, mesmo o profissional mais qualificado pode ser descartado por um detalhe mínimo. Enquanto isso, na esfera política, assistimos à ascensão de pessoas totalmente despreparadas a cargos estratégicos e altamente remunerados.
Recentemente li uma reportagem, onde Álvaro Lira, filho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, foi nomeado gestor administrativo da Barra de São Miguel, em Alagoas, com apenas 18 anos e um salário inicial de R$ 8 mil. Um jovem sem experiência profissional significativa, mas que, pelo sobrenome, já ocupa um cargo de liderança e recebe uma remuneração muito acima da média dos brasileiros. Isso é apenas um dos muitos casos que vemos.
Enquanto um trabalhador comum precisa se desdobrar para atender a uma lista interminável de exigências e ainda assim enfrenta dificuldades para conseguir um salário digno.
O problema vai além da nomeação de um jovem sem experiência. Trata-se de uma desigualdade sem tamanho, onde o mérito é cada vez mais cobrado do trabalhador, mas amplamente ignorado na administração pública.
Essa realidade evidencia a necessidade de questionarmos o sistema e cobrarmos mais transparência e justiça tanto no setor público quanto no privado. O mérito deve ser valorizado em todas as esferas e não apenas como um critério seletivo para aqueles que não possuem influência política. Do contrário, continuaremos assistindo ao paradoxo de um mercado de trabalho que exige demais de uns, enquanto outros simplesmente herdam suas posições.